“Queridos colegas,
Esta é uma mensagem dolorosa para informar que ontem decidimos paralisar as aulas do Programa de Pós-graduação em Ecologia e Evolução da UERJ. A continuidade de exames de qualificação e defesas será definida em uma próxima reunião de reavaliação em Outubro, mas o cenário não é animador.
Estamos sem 4 salários e o atual Secretário de Ciência e Tecnologia do estado do Rio disse que tinha esperança de que regularizaria nossa situação a partir de Outubro. Logo, há a possibilidade de ficarmos sem 6 pagamentos. O fato é que muitos de nós já ultrapassaram os limites financeiros, físicos e psicológicos que podíamos, o que torna impraticável fazer ciência e orientar. Além da grave ameaça de cancelamentos das bolsas do CNPq, já resultado da PEC que congela investimentos públicos por 20 anos, a reitoria da UERJ decretou calamidade acadêmica no início do ano e suspendeu o reinício das aulas em Agosto (começaríamos 2017.1). Docentes, técnicos e alunos de graduação também decretaram greve em função da falta de pagamentos e condições mínimas para funcionar. O funcionamento da pós também depende da secretaria funcionando, mas como manter o funcionamento se nossas secretarias também estão sem 4 pagamentos e com uma situação de precarização que se acentua? Frente a tudo isso, nossos pós-graduandos também sentem-se fragilizados e começam a perder ânimo e capacidade de trabalho frente a destruição.
A questão central que paira sobre nosso programa além de outros que estão discutindo a paralisação (a pós-graduação do Instituto de Medicina Social da UERJ – nível 7 – paralisou também) é sobre o que é exigido pela CAPES e esta é a razão do meu email. Consideramos que não há possibilidade alguma da CAPES ignorar a calamidade científica que estamos vivendo no Rio de Janeiro e que os programas de pós-graduação da UERJ, e de todas as Universidades do Estado do RJ, não podem ser penalizados frente ao projeto piloto de desmonte que pretende-se implantar no Brasil inteiro. A CAPES é formada por nossos pares e se há uma força que a comunidade científica possui é que os rumos da pesquisa brasileira são conduzidos por nós mesmos. Para isso precisaríamos de uma rede de apoio entre pesquisadores e programas de pós-graduação do Brasil inteiro.
Um apoio que signifique um documento unificado a ser enviado para a CAPES que não pode manter suas avaliações, prazos e etc como se não estivéssemos vivendo uma calamidade e viver sem 4 salários simboliza isso. Isso só vai auxiliar a precarização dos nossos programas, tanto pelas avaliações em si, quanto pelo receio de paralisação que manterá as pessoas trabalhando na Pós mas sem condições financeiras, psicológicas e físicas.
Estamos elaborando uma carta para os coordenadores do Brasil inteiro solicitando esse auxílio, mas já adianto o problema para que conversem com suas CPGs pois não podemos perder tempo. Não é mais a defesa da UERJ e das nossas Pós-graduações, é da pesquisa no Brasil que já começa a vivenciar os primeiros meses de 20 anos de congelamento em investimentos públicos.
A mesma iniciativa de apoio nacional deve vir a partir da reunião entre todos os coordenadores de pós da UERJ que ocorrerá na semana que vem.
Obrigado
Abraço”